sábado, 25 de junho de 2011

Ciliar Só-Rio realiza palestra de convencimento

               Com a conclusão de suas pesquisas o projeto Ciliar Só-Rio Acre quer apresentar para a sociedade o que os pesquisadores descobriram na mata ciliar, desse que é a principal fonte de água para os oito municípios acrianos onde se encontra maioria da população. 
            Com recursos do CNPq equivalentes a R$ 200.000,00, o projeto Ciliar Só-Rio Acre, executado pela Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, proporcionou uma série de estudos sobre a mata ciliar do Rio Acre. Não seria nenhum exagero afirmar que a faixa de dois quilômetros de largura nas margens esquerda e direita do rio, área abrangida pelos estudos, em nenhum outro momento havia sido estuda na intensidade atual.
         Ocorre que os estudos, ao focar seu objetivo na mata ciliar pode detalhar seu atual estágio de degradação, por meio da elaboração de um conjunto de 16 mapas, sendo dois para cada um dos oito municípios envolvidos, que são cortados pelo Rio Acre, nos quais se diagnosticou as áreas antrópicas e identificou os trechos mais críticos considerados emergenciais para restauração florestal.
        A PALESTRA DE CONVENCIMENTO foi elaborada com o propósito de demonstrar aos interessados, que podem ser estudantes, professores e autoridades, que é possível discutir o tema da mata ciliar com o rigor técnico que o tema merece.
             Afinal, esta na mata ciliar do Rio Acre a resposta para, por exemplo, o valor que o consumidor paga todo mês pela água que consome em sua residência. Com também esta na mata ciliar a resposta para quase inexistência de peixes no rio. Finalmente, esta na mata ciliar a resposta para as alagações e secas extremas cada vez mais comuns na nossa realidade.  

Contate nossa equipe pelos e-mails alanacfernandes@yahoo.com.br ou oliveiraats@hotmail.com que teremos muito prazer em fazer uma apresentação. 


segunda-feira, 20 de junho de 2011


No ano internacional das florestas, discussão sobre o código florestal.

 (*) Alana Chocorosqui Fernandes

O ano de 2011 se iniciou com uma proposta bastante interessante, a de ser o Ano Internacional das Florestas. Por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) a idéia é proporcionar durante os 12 meses do ano, ações que visem a conservação e o uso sustentável dos recursos do planeta, a fim de mostrar que uma exploração sem manejo florestal causa riscos e prejuízos ao ecossistema florestal objeto de exploração.
Por coincidência é nesse ano também, que as mudanças no código florestal estão sendo discutidas, e nos deixa transparecer, que a preocupação com a manutenção da floresta, talvez não seja tão evidente nessa discussão, apesar da data extremamente sugestiva. Durante o mês de maio a Câmara dos Deputados aprovou alterações que deixou todos surpresos, como por exemplo, a emenda 164, que propõe a redução das áreas de proteção permanente (APPs), além de deixarem por conta dos Estados o poder de legislar sobre elas.
Para entender melhor, a emenda afirma que cada Estado disporá sobre o uso de sua APP, o que irá promover uma guerra de atração ao agronegócio tal qual a guerra fiscal. Plante aqui pois a legislação ambiental é mais frágil. Ou vá para o Pará onde pode tudo. Com os Estados disputando investimentos para essa área, tornando seus territórios atrativos, como afirma a Procuradora Sandra Cureau:
A comparação com a guerra fiscal é oportuna e vai acontecer com a emenda do jeito que está. Todo mundo vai correr para onde se preserva menos. http://www.ciflorestas.com.br/.
A Câmara dos Deputados já aprovou essas alteração e não tem mais volta. O código, agora, que passa a ser discutido no Senado, para onde se deslocam as esperanças dos que acreditam na importância das florestas.
A expectativa de todos é de que no Senado se pense um pouco mais no momento em que vivemos, onde mudanças climáticas, cheias e secas dos rios, desmatamentos, ocupação indevida de APPs, perda da biodiversidade, dentre tantos outros temas, pedem uma legislação que proponha a conservação dos recursos, e não a expansão da degradação.
Afinal 2011 é o Ano Internacional das Florestas.


(*) Alana Chocorosqui Fernandes é acadêmica de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Acre e bolsista do projeto Ciliar Só Rio Acre.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cenas amazônicas: inverno longo e desmatamento crescendo
*Ecio Rodrigues
            Primeiro ato. Outubro do ano passado, com uma seca prolongada, o inverno amazônico teimava em não chegar. Risco de abastecimento de água nas capitais e engenheiros encontrando solução em uma nova bomba flutuante, que retira água de pingos entre grãos de areia. O rio, quase apartando, com inéditos fluxos de água voltando para cabeceira. Água de morro acima, será que pode?
         Na ausência de saídas espetaculares, pois elas não existem, o jeito era esperar o inverno chegar. Técnicos envolvidos com a área ambiental e com recursos hídricos cansaram de avisar que as características ambientais das principais bacias hidrográficas na Amazônia, estão comprometidas, e, que isso, trará, em um futuro próximo, problemas de abastecimento de água e de redução da icitiofauna (aquela que depende da água).
         A causa desse fenômeno já é mais que sabida. O processo de ocupação social e econômico, realizado ao longo dessas bacias, tem como princípio a transformação da cobertura florestal original, ou seja: desmatamentos. Ao se retirar a floresta, o solo se expõe, a chuva carrega a porção nutritiva de terra para dentro dos rios, o calado dos rios diminuem, a navegação fica prejudicada, os peixes ficam com menos opções de alimentação e o ciclo se fecha, com os ribeirinhos excluídos sujeitos à insegurança alimentar.
         A conclusão é uma só: o ciclo produtivo baseado no desmatamento-queimada-plantio é prejudicial aos cursos hídricos. Ou seja, afora todos os problemas que esse tipo de produção pode causar ao clima, efeito estufa, erosão e assim por diante, esse ciclo produtivo coloca sob condição de extrema fragilidade o regime hídrico amazônico.
         A solução prioritária também é uma só: recuperar as margens dos rios ao longo de toda bacia hidrográfica. Ou seja, afora todas as outras alternativas, sobretudo aquelas vinculadas ao aumento da conscientização, à educação ambiental, ao movimento pelas águas, aos dias de meio ambiente e da água com criancinhas e muitas águas ... a revegetalização da mata ciliar das bacias hidrográficas é o que pode, a curto prazo, reverter essa trágica situação.
         Uma ação que não motiva as autoridades públicas, em especial as estaduais e municipais, por três razões interligadas. Primeiro por depender de um estudo técnico apurado, que deveria definir quais espécies devem ser plantadas nas margens dos rios, no intuito de atender ao requisito ecológico e de garantir a coexistência com a atividade extrativista.
            Um estudo que definisse com precisão, que largura deverá ter a mata ciliar nos rios amazônicos, em cada ponto da bacia hidrográfica, indo além das definições estanques exaradas do Código Florestal.
            Segundo por depender de alterações regulatórias que envolvem desde pequenas normas municipais até mudanças na legislação federal. Uma discussão jurídica que pode ser interminável e que coloca sob suspeição as intenções das autoridades.
         Terceiro por depender de transformar a recuperação da mata ciliar em um imperativo político. Uma emergência como as que trazem as alagações. Daquelas que obrigassem aos proprietários firmarem Termos de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público.
            Segundo ato. O inverno não quer acabar. Já é abril e famílias estão alagadas pela insistência do inverno em ficar. Ir embora como, se ainda há tanta água represada nas nuvens.
            Terceiro ato. O desmatamento aumentou no inverno. Como ser possível em um inverno intenso o desmatamento aumentar? Produtores não deviam desmatar no inverno. Pelo menos, sempre tinha sido assim.
         Mas, o desmatamento aumentou no inverno porque, talvez, a fiscalização não possa pegar chuva. Ou, talvez, o autotrack (os coquinhos dos carros de fiscais) não funcione com nuvens. Ou, talvez, seja sinal de que o mercado esta se adaptando às mudanças climáticas.
* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).           

Livro Ciliar Só Rio Acre

Livro Ciliar Só Rio Acre